Grêmio projeta aumento do quadro social

25 04 2009

Com base na boa campanha na primeira fase da Libertadores, que poderá culminar no primeiro lugar geral entre todos os clubes classficados, caso vença o Boyacá Chicó na próxima terça-feira, o Grêmio já projeta um aumento significativo no número de associados.

Conforme informações divulgadas no blog de Diogo Olivier, da Zero Hora, o diretor-financeiro do Grêmio, Mauro Rosito, declarou que o Grêmio projeta passar de 52.000 para 72.000 sócios até o final da Copa e, com isso, aumentar sua receita anual com sócios de 26 para 32 milhões de reais.

Acho bastante razoável a previsão e creio que é um crescimento sustentável. Porém, acredito que a associação em massa já deveria ter acontecido, ainda antes do início do torneio continental.

Interessante também é que o valor projetado de incremento no faturamento, para 20.000 sócios, é de R$ 6 milhões, o que significa um valor mensal de 25 reais por sócio-torcedor. Atualmente, com os R$ 26 milhões para 52.000 sócios, o valor médio mensal é de mais de R$ 40. Obviamente, isso inclui um grande número de sócios que tem direito a ingresso cativo, como é o caso do meu. Essa modalidade já não está disponível, uma vez que a capacidade das sociais já se esgotou (geralmente é a área do estádio mais lotada, em todos os jogos).

Se o Grêmio atingir a meta esperada, chegará a uma receita mensal com sócios de R$ 2,7 milhões, o que deve pagar um bom grupo de jogadores e toda a comissão técnica. O torcedor espera, com isso, que o clube se torne auto-sustentável e não tenha mais a obrigação de vender jogadores para cobrir suas despesas. Assim, talentos poderão permanecer por mais tempo no Olímpico.

Em tempo: alguém sabe a quantas anda a questão da Arena? A imprensa parece ter esquecido do assunto.





Os “donos” do clube

4 03 2009

Escrevi um artigo para o excelente blog Futebol & Negócio, a convite do Marcos Silveira, administrador do mesmo. É um texto sobre o modelo associativo vigente no Grêmio e no Internacional, que os tornam líderes brasileiros neste sentido. O Inter, inclusive, já está entre os dez clubes com maior número de associados no mundo.

O link para o meu texto está aqui.





E como ficam os sócios?

17 12 2008

Eu, como gremista, sócio patrimonial do interior – matrícula 62480 de 15/12/2005, mostro-me bastante preocupado com os rumos que o Projeto Arena está tomando, especialmente agora que entra em fase decisiva.

Nunca neguei que sempre fui favorável à construção de uma nova arena, moderna e funcional, para substituir ao estádio Olímpico Monumental, ultrapassado e custoso. Quem acompanha jogos nas sociais sabe o quanto é desconfortável EQUILIBRAR-SE naquelas banquetas de concreto disponíveis no estádio. Meu pai, que tem 67 anos, esteve lá recentemente e saiu do estádio com dor na coluna, sentindo-se ridículo por ter que ficar equilibrando-se como uma criança num muro.

Também acredito que construi-la em outra localização é perfeitamente possível e não “fere” a história do Grêmio. Aliás, todo o mundo sabe que o Grêmio mandou seus jogos por 50 anos na Baixada, no bairro Moinhos de Vento. Aí mudou-se para a Azenha/Medianeira. Afinal o Grêmio é dos Moinhos ou da Azenha? Nenhum dos dois. Por isso, acho que o argumento contrário à saída da Azenha fraco, pois baseia-se em motivos sentimentais e não práticos.

Porém, o Grêmio não foi nada transparente, ao incluir somente informações vagas e superficiais em seu site sobre o Projeto Arena. Os sócios, especialmente os patrimoniais, como eu, mereciam muito mais detalhamento, afinal de contas, estão mexendo com o patrimônio tricolor, que também é nosso.

O pessoal do blog Sempre Imortal alertou para isso, recentemente, demonstrando as duas cláusulas do contrato que acabariam com o Grêmio enquanto clube associativo de futebol. Através deste blog, soube da existência do blog dos associados patrimoniais, que vinham tratando do assunto há mais tempo.

O item DÉCIMO do contrato é particularmente preocupante, segundo a transcrição do blog:

“10. Utilização da ARENA pelos sócios do Grêmio.

10.1 Durante o prazo de exploração da ARENA pela OAS Superficiária, o Grêmio terá direito a uma franquia anual no montante de R $ 3.000.000,00 (três milhões de reais) para ser utilizada para o ingresso dos associados do Grêmio a jogos em que este tenha o mando de campo.

10.2 O Grêmio poderá utilizar esse crédito sempre que lhe parecer conveniente, ofertando desconto sobre o valor de face dos ingressos aos seus associados, devendo comunicar à OAS Superficiária da promoção com antecedência de 7 (sete) dias.

10.3 Cada associado que comparecer a um jogo do Grêmio terá o seu ingresso computado, segundo valor definido na política de preços acordada previamente entre a Grêmio Empreendimentos e a OAS Superficiária, para fins de abatimento do valor da Franquia.

10.4 O valor da Franquia será corrigido sempre pelos mesmos índices e nas mesmas datas previstas para o pagamento do valor relativo ao Direito de Superfície.

10.5. O valor da Franquia não utilizado em um ano não será acumulado para o ano seguinte.”

Não é necessário ser um gênio da matemática para descobrir que 3 milhões de reais por ano = NADA. Já levando em consideração que não haverá mais gratuidade aos sócios patrimoniais, um mês tradicional tem cerca de 4 jogos em casa. Considerando uma média de 15.000 sócios por jogo, são 60.000 sócios por mês. Considerando um preço médio de R$ 30 por ingresso – que aumentará com certeza quando a nova arena estiver pronta – seriam R$ 1.800.000 a cada mês.

Se o Grêmio concedesse um desconto de 50% em cada ingresso, que é o mínimo aceitável pela condição de sócio pagante de mensalidades, haveria a necessidade de um “crédito” a ser ofertado pela OAS ao Grêmio de cerca de R$ 900.000 por mês, ou R$ 10.800.000 por ano, mais de 3 vezes mais a FRANQUIA oferecida pela construtora/proprietária do novo estádio.

Ou seja, é inaceitável esta condição aos sócios tricolores. É certo que, se mantida essa cláusula abusiva, haverá desassociação em massa, pois ninguém terá interesse em pagar mensalidades ao Grêmio sem ter nada em troca.

Pois bem.

Na madrugada de hoje, após tensa reunião de 6 horas, o conselho deliberativo do Grêmio Foot-ball Portoalegrense aprovou o projeto Arena Grêmio. A reportagem fala no descontentamento de vários conselheiros com a alteração na base do contrato, que divide a OAS em duas holdings e retira a Grêmio Empreendimentos como sócia do projeto.

Como o contrato nunca foi disponibilizado publicamente, não sei se as cláusulas mencionadas pelo blog Sempre Imortal foram alteradas recentemente ou se já faziam parte do contrato original. A reportagem menciona que o conselho solicitou que algumas cláusulas sejam modificadas “DENTRO DO POSSÍVEL” (nunca vi isso antes, amadorismo total).  Mas não há nenhuma menção sobre QUAIS cláusulas (amadorismo da RBS, agora). O Terra nada acresceu.

Chequei meus e-mails há pouco e vi a seguinte mensagem, enviada pelo pessoal do blog Sempre Imortal:

falecimento

A mensagem também está AQUI.

Mas chega a ser cômico, talvez trágico, o fato de que tal decisão foi tomada no dia DEZESSETE DE DEZEMBRO de 2008, há exatos DOIS anos do Mundial do Inter.

Estou indignado, acima de tudo, com a total FALTA DE TRANSPARÊNCIA no trâmite deste processo. Os figurões que comandam o tricolor precisam entender que o Grêmio não é uma propriedade de 100 conselheiros, nem de 50.000 sócios. É patrimônio da MAIORIA ABSOLUTA do Rio Grande do Sul.

Não podemos deixar isso passar barato.